"Vale de Lobos", filme turco em que o herói luta contra as forças norte-americanas no Iraque, está a provocar celeuma na Alemanha, a ponto de um alto responsável político já ter exigido a sua proibição. |
A exigência de interditar o filme de Serdar Akar partiu do ministro-presidente da Baviera, Edmund Stoiber, que considerou "Vale de Lobos" uma obra "racista e que incita ao ódio". O porta-voz do Governo alemão, Ulrich Wilhelm, interpelado hoje pelos jornalistas, sobre a interdição do filme exigida pelo ministro-presidente da Baviera e chefe dos democratas-cristãos bávaros, tentou acalmar os ânimos, alegando que ainda não tinha visto "Vale de Lobos". Wilhelm acrescentou apenas que a chanceler Angela Merkel "considera muito importante que se promova mais o diálogo das culturas do que se fez no passado". Além de Stoiber, o ministro da juventude da Renânia do Norte Westfália, Armin Laschet, também criticou o filme, considerando-o um risco para a juventude", um "factor de desordem social", que "propaga um latente e descarado anti-semitismo" e é "susceptível de "exacerbar o conflito entre as religiões". Porém, ao contrário de Stoiber, que disse que "Vale de Lobos" é "um filme racista que apela ao ódio", o político renano manifestou- se contra a proibição do filme na Alemanha, exigindo apenas que ele deixe de ser classificado para maiores de 16 anos, e passe para o escalão de maiores de 18 anos. Os críticos alegam que o filme dá uma versão extremamente unilateral e anti-ocidental da Guerra do Iraque, e apresenta também os cristãos e judeus como inimigos a abater pelo mundo islâmico. Por sua vez, os apologistas do filme, sobretudo turcos que vivem na Alemanha e têm esgotado a lotação das salas onde "Vale de Lobos" é exibido, afirmam que o filme não é anti-ocidental, mas sim anti-americano, e consideram insustentável a acusação de que se trata de uma película anti-semita. Dirigentes da Comunidade Turca, que é o maior núcleo de imigrantes na Alemanha, com cerca de 2,8 milhões de pessoas, já vieram a público defender o filme, afirmando que se trata de "uma variante turca" do american way of life, "exactamente a cultura que o ocidente tem pregado ao longo de 50 anos". Os dirigentes associativos turcos acusaram Edmund Stoiber de "praticar uma política cobarde e mentirosa", e de só exigir a proibição de Vale de Lobos" por razões "eleitoralistas". Perguntam também por que é que o ministro-presidente da Baviera "nunca atacou filmes em que os russos, os turcos ou os asiáticos são difamados", e lembram que "Vale de Lobos" não é um documentário, "mas sim uma ficção, um filme de acção à moda de Hollywood". Agência LUSA |