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Abr 07
Portugal não passava de um território "marginal" do grande Al-Andalus e é por isso não temos mesquitas imponentes como a de Córdova nem palácios sumptuosos como Alhambra. Mas temos os castelos de Lisboa (São Jorge), Moura e Paderne, a vila de Sintra, as muralhas de Silves ou de Évora e até a igreja/mesquita de Mértola. Para não falar dos objectos de uso quotidiano, de várias culturas agrícolas e técnicas de construção ou das palavras que representam 20% da língua que falamos. E é por isso que Portugal é um dos 14 países que integra o museu virtual "à Descoberta da Arte Islâmica".

Lançado ontem na Internet - por cá, a apresentação à imprensa decorreu em Lisboa, no Museu Nacional de Arqueologia -, este projecto junta quase mil anos de História numa plataforma com sínteses explicativas e fichas de 1235 objectos, monumentos e sítios de 14 países da Europa, Norte de África e Médio Oriente. Ou seja, 35 monumentos e 50 objectos de cada país.

Disponível em oito línguas, incluindo o português, e dividido em 18 exposições virtuais (Portugal participou em duas, como se explica na caixa ao lado) , o site www.discoverislamicart.org tem uma linguagem acessível a toda a gente mas cientificamente validada por especialistas. E permite aceder a bases de dados.

3,365 milhões de euros

Concebido pela Museum With No Frontiers/Museu Sem Fronteiras (ONG criada em 1994, que há dois anos lançou na Net o "Museu Virtual"), o projecto foi desenvolvido nos últimos dez anos e custou 3,365 milhões de euros, 80% dos quais pagos por fundos comunitários do programa Euromed Heritage - que, desde 1996, já investiu 60 milhões de euros no património do Mediterrâneo.

Além de uma participação financeira da Fundação Gulbenkian, os restantes 20% do orçamento foram angariados pelos 17 museus-parceiros (que pagam uma quota anual de tês mil euros) e entidades associadas.

Este museu online abarca cidadelas, palácios e casbahs, moedas, tapetes, jóias, caligrafia ou cerâmica desde o início do Islão, no século VII, até 1922, ano em que a instauração da república da Turquia pôs fim ao Império Otomano e ao último dos califas.

"À Descoberta da Arte Islâmica" - título também do livro que acompanha as exposições virtuais, editado pela Inapa -, não só cruza com factos da época a história de várias dinastias (como as dos omeias, abássidas, ayyubidas e mamelucos), como explica a fusão de estilos artísticos. Ao contrário do que muitos pensam, a arte islâmica também representa figuras humanas. E nas arquitecturas românica e gótica há abóbadas islâmicas, lembrou o arqueólogo Cláudio Torres, director do Museu de Mértola e coordenador científico do projecto em Portugal.

"Pela primeira vez, os especialistas foram confrontados com outra visão sobre os objectos", salientou Cristina Correia, vice-presidente da Museu Sem Fronteiras.

Complementar às colecções exibidas nos museus de pedra e cal - o objectivo é "abrir novas possibilidades de contacto com estes objectos", defendeu Luís Raposo, director do MNA -, este museu online funciona ainda como ponte para o diálogo.

Cláudio Torres, recordando que "os grandes museus ocidentais foram feitos com o saque", classifica mesmo a iniciativa como "decisiva para um futuro próximo", face ao cenário político mundial. Por outras palavras: "O Islão não pode ser descolado da civilização greco-romana."

O site é http://www.discoverislamicart.org/exhibitions/ISL/


Texto: Paula Lobo
in Diário de Notícias | 20 de Abril de 2007
http://ecultura.sapo.pt

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