24
Jun 07

Última parte do Dossier Califas Probos


O Califado de Ali

 

    Conforme citado no post anterior, Ali R.A. aceitou o califado muito relutantemente, a morte de Usman R.A. e os eventos ao seu redor eram um sintoma e também se tornaram causa de conflitos civis em grande escala.


    Ali R.A. sentia que a trágica situação devia-se, principalmente, a governadores ineptos, assim, ele demitiu todos os governadores que tinham sido indicados por Usman R.A. e indicou novos.


    Todos, com exceção de Muawiya, o governador da Síria, se submeteram às suas ordens, Muawiya esquivou-se de obedecer até que o sangue de Usman R.A. fosse vingado.


    A viúva do Profeta, Aicha, também tomou a posição de que Ali R.A. primeiro deveria punir os assassinos, devido às condições caóticas durante os últimos dias de Usman R.A., era muito difícil descobrir os assassinos e Ali R.A. recusou-se a punir qualquer um que não fosse comprovadamente culpado.

    A situação no Hijaz (a parte da Arábia onde Makkah e Madina se situam) tornou-se tão problemática que Ali R.A. mudou a capital para o Iraque.


    No entanto, ainda que o califado de Ali R.A. estivesse envolvido em conflitos civis, ele conseguiu introduzir uma série de reformas, particularmente na cobrança e arrecadação de receitas.


    Corria o ano 40 da Hégira, um grupo de fanáticos, chamado de Kharijitas, que tinham rompido relações com Ali R.A. devido ao seu acordo com Muawiya, reivindicava que nem Ali R.A., o Califa, nem Muawiya, o governante da Síria, nem Amr Bin Al-Aas, o governante do Egito, eram merecedores do governo.


    Na verdade, eles chegaram ao ponto de dizer que o verdadeiro califado tinha chegado ao fim com Umar R.A. e que os muçulmanos deveriam viver sem qualquer governante exceto Deus. Juraram matar os três governantes e enviaram matadores nas três direcções.

    Os que tinham sido indicados para matar Muawiya e Amr não conseguiram o seu intento, foram capturados e executados, mas Ibn-i-Muljim, o assassino encarregado de matar Ali R.A., conseguiu cumprir sua tarefa.


    Numa manhã, quando Ali estava rezando na mesquita, Ibn-i-Muljim deu-lhe um golpe com uma espada envenenada, e no vigésimo dia do mês de Ramadan, Ali R.A. morreu, com ele termina o período dos Califas Probos.


    Depois de 'Ali, Muawiya assumiu o califado, que, a partir de então, passou a ser hereditário.


        Disse o Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele) sobre Ali R.A.

"Tu('Ali) és o meu irmão neste mundo e no outro."


20
Mai 07

A Morte de Umar

 

    No ano de 23, depois da Hégira, quando Umar R.A. retornava da peregrinação a Madina, levantou as mãos e orou:


    "Ó Deus! Estou entrado nos anos, os meus ossos estão gastos, as minhas forças  declinantes e o povo por quem sou responsável espalhou-se e foi longe. Chama-me de volta a Ti, meu Senhor!"


    Algum tempo mais tarde, o Califa Umar R.A. morreu assassinado por um cristão persa, enquanto dirigia a oração da alvorada, na mesquita do Profeta, em Madina, no final do mês de Dul Hijja, no ano 23 da Hégira, Abu Lulu Feroze, que tinha ressentimentos contra  ele, atacou-o dando-lhe diversas punhaladas, Umar R.A. caiu ao chão e quando ele percebeu quem era o assassino ele disse:


"Graças Senhor, por ele não ser um muçulmano."


    Umar R.A morreu 24 anos depois da Hégira e foi enterrado ao lado do Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele).


    Disse o Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele) sobre Umar R.A:


"Deus colocou a verdade na boca e no coração de Umar."


    Disse Abdallah Ibn Masúd, companheiro do Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), sobre Umar R.A.:

'

'A sua conversão foi uma conquista, a sua emigração uma vitória e seu califado uma misericórdia.''


18
Mai 07


    Após tomar posse, Umar R.A. falou aos muçulmanos de Madina:


    "Ó povo de Madina, vocês têm direitos sobre mim que deverão sempre ser reivindicados. Um desses direitos é o de que quem vier até mim para pedir deve sair satisfeito. Um outro direito é que vocês devem exigir que eu não use injustamente as receitas do estado. Também podem exigir que eu fortaleça as suas fronteiras e não os coloque em perigo. Também é seu direito que, ao saírem para lutar, eu cuide das suas famílias como um pai faria na sua ausência. Ó povo de Madina, permaneçam conscientes de Deus, perdoem as minhas faltas e ajudem-me na minha tarefa. Orientem-me no bem e proibam-me o mal. Aconselhem-me em relação às obrigações que Deus me impôs..."


    A característica mas notável do califado de Umar R.A foi a grande expansão do Islam, foram várias as conquistas, além da Arábia, o Iraque, a Palestina e o Irão ficaram sobre a proteção do governo islâmico mas a grandeza de Umar R.A. está na qualidade do seu governo, ele deu um sentido prático às injunções Alcorânicas.


    "Ó fiéis, sede firmes quando observardes a justiça, actuando com testemunhas, por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los." (Alcorão Sagrado 4º:135)


    Certa vez, uma mulher apresentou uma queixa contra Umar R.A. quando ele apareceu no julgamento perante o juiz, este levantou-se em sinal de respeito por ele. Umar R.A repreendeu-o dizendo:


"Este é o primeiro acto de injustiça que você fez com esta mulher!"


    Ele insistia em que os governadores indicados por ele deviam viver uma vida simples e ser acessíveis àqueles que os procurassem e que ele próprio era o exemplo para eles muitas vezes enviados e mensageiros mandados por outros dignitários o encontraram descansando debaixo de uma palmeira ou rezando na mesquita entre o povo, e era difícil distinguir entre todos quem era o Califa.

    Muitas noites ele passava acordado percorrendo as ruas de Madina, para ver se alguém estava a necessitar de alguma coisa, o aspecto geral do ponto de vista social e moral da sociedade muçulmana daquela época está ilustrado nas palavras de um egípcio que havia sido enviado para espionar os muçulmanos, durante a campanha egípcia, ele contou:


    "Vi um povo, todos amam mais a morte do que a vida. Cultivam a humildade mais do que o orgulho. Ninguém tem ambição material. O seu modo de viver é simples. O seu líder é igual a eles. Não fazem distinção entre o superior e o inferior, entre o senhor e o escravo. Quando chega a hora da oração, ninguém fica para trás ..."


    Umar R.A. deu ao seu governo uma estrutura administrativa, criou os departamentos do tesouro, do exército e  das receitas públicas, estabeleceu salários regulares para os soldado, fez um censo da população, fez pesquisas no sentido de estipular taxas equitativas.

    Novas cidades foram fundadas, as áreas que ficaram sob o domínio muçulmano ele as dividiu em províncias e indicou os governadores, novas estradas foram abertas e alojamentos  foram construídos, foram criados fundos públicos para amparar os pobres e necessitados.

    Ele definiu, de facto e pelo exemplo, os direitos dos não muçulmanos, a seguir, mostramos um exemplo de um contrato com os cristãos de Jerusalém:


    "Esta é uma protecção que o servo de Deus, Umar, o governante dos crentes, concede às pessoas de Eiliya (Jerusalém). A proteção é para as suas vidas e bens, as suas igrejas e cruzes, as suas doenças e saúde, e alcança a todos os seus correligionários. As suas igrejas não devem ser usadas como habitação e nem devem ser demolidas, nem qualquer ataque a elas ou aos seus componentes ou às suas cruzes e nem suas propriedades serão feitos de qualquer forma. Não há compulsão em matéria religiosa para essas pessoas e nem devem sofrer qualquer injúria por conta da religião. O que está escrito aqui está de acordo com as ordens de Deus e a responsabilidade do Seu Mensageiro, dos califas e dos crentes e será melhor, na medida em que paguem o Jizya (imposto devido para a defesa de não muçulmanos) imposta a eles."


    Os não muçulmanos que lutaram juntamente com os muçulmanos, foram isentados do pagamento do Jizya e quando os muçulmanos se retiravam da cidade em que cidadãos não muçulmanos tinham pago aquela taxa para sua defesa, o valor da taxa era devolvido, o velho, o pobre, o deficiente, muçulmano ou não, eram igualmente amparados pelos recursos do tesouro e dos fundos do Zakat.

Continua....

 


13
Mai 07

    Antes do advento do Islam, Abu Bakr R.A era conhecido como um homem de carácter correcto e de natureza afável e compassivo, por toda a sua vida ele foi sensível ao sofrimento humano e gentil com os pobres e necessitados mesmo sendo rico, viveu muito simplesmente e usava o seu dinheiro para a caridade, libertação de escravos e pela causa do Islam, era comum passar noites em súplicas e orações.


    Este era o homem sobre quem o peso da liderança caiu, no período mais sensível da história dos muçulmanos, assim que a notícia da morte do Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), se espalhou, numerosas tribos se rebelaram e se recusaram a pagar o Zakat, alegando que ele era devido somente ao Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele).


    Ao mesmo tempo, começaram a surgir numerosos impostores, alegando que a condição de profeta tinha passado para eles, além disso, o Império Romano do Oriente e o Império Persa começaram a ameaçar o recém-nascido estado islâmico de Madina.


    Diante de tais circunstâncias, muitos companheiros do Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), inclusive Umar, aconselharam Abu Bakr R.A a fazer concessões aos sonegadores do Zakat, pelo menos uma vez.


    O novo califa não concordou, ele insistia em que era uma lei divina que não podia ser desrespeitada, que não havia diferença entre as obrigações do Zakat e o Salat e que qualquer acordo com as injunções de Deus acabariam por corromper as bases do Islam.


    As tribos revoltosas atacaram Madina mas os muçulmanos estavam preparados, o próprio Abu Bakr R.A. liderou um ataque que os forçou a  recuarem, a seguir, declarou uma guerra implacável contra aqueles que se autoproclamavam profetas e ao final, muitos se submeteram e retornaram ao Islam.


    A ameaça do Império Romano na verdade tinha começado mais cedo, com o Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), ainda vivo, o Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), tinha organizado um exército liderado por Usama, filho de um liberto.


    O exército não foi muito longe porque o Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), ficou doente, após a morte dele, a questão apresentada era se o exército deveria prosseguir ou ficar para defender a cidade de Madina. Mais uma vez, Abu Bakr R.A. mostrou uma firme determinação, ele disse:


"Enviarei o exército de Usama da forma como o Profeta ordenou, ainda que eu fique sozinho."


    As instruções finais dadas a Usamah prescreviam um código de conduta de guerra que permanece até os dias de hoje:


    "Não desertem nem desobedeçam. Não matem um velho, uma mulher ou uma criança. Não maltrate as palmeiras nem derrubem as árvores. Não matem carneiros e vacas ou camelos, a não ser para o alimento. Vocês encontrarão pessoas que passam a vida em monastérios. Deixai-as em paz e não as molestem.''


    Em diversas ocasiões, Khalid bin Walid tinha sido escolhido pelo Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), para chefiar os exércitos, homem de grande coragem e nascido para chefiar, seu génio militar acabou por se destacar durante o califado de Abu Bakr R.A., quando liderou suas tropas alcançando diversas vitórias sobre os romanos, uma outra contribuição de Abu Bakr R.A. para a causa do Islam foi a colecção e compilação dos versículos do Alcorão Sagrado.


    Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele) morreu no ano de 634 d.C, com a idade de 63 anos, e foi enterrado ao lado do Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele),  o seu califado teve a duração de 27 meses mas, sob seu comando, a comunidade e o estado islâmico foram consolidados.


    Disse o Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejamcom ele), sobre Abu bakr R.A :

"Se eu tivesse que ter um amigo além do meu Senhor, esse alguém seria Abu Bakr"

Adaptado de: www.islamemlinha.com


12
Mai 07
Abu Bakr Assidik

 

 

O Primeiro Califa

 

632-634

 

 

Eleição Para o Califado

 

    Abu Bakr (R.A), o companheiro mais próximo do profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), não estava presente quando ele deu seu último suspiro na casa de sua esposa Aicha, filha de Abu Bakr R.A.mas foi ele quem deu a notícia para os muçulmanos de Madina.


    Após os primeiros momentos de tristeza e dor pela morte do Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), Abu Bakr (R.A.) foi para a mesquita e falou para as pessoas:


"Ó gentes, aquele que adora a Muhammad, eis que Muhammad está morto realmente. Mas, aquele  que adore a Deus, eis que Ele está vivo e nunca morre."


E concluiu com um versículo do Alcorão:


"Muhammad não é senão um Mensageiro, a quem outros mensageiros precederam. Porventura, se morresse ou fosse morto, voltaríeis à incredulidade? " (Alcorão Sagrado 3:144)


Ao ouvirem essas palavras, as pessoas se consolaram, o abatimento cedeu lugar à confiança e tranquilidade, o momento crítico havia passado, mas a comunidade muçulmana tinha agora um problema muito sério que era o de escolher um líder.


Após algumas discussões entre os companheiros do Profeta Muhammadsaws2.gif (1107 bytes) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que se tinham reunido a fim de escolher o líder, ficou claro que ninguém melhor e mais adequado para a responsabilidade do que Abu Bakr R.A.


Na hora da posse, ele proferiu um discurso no qual disse:


''Fui eleito para liderar-vos e não sou o melhor dentre vós, se agir convenientemente, ajudai-me, e se errar, corrigi-me. O mais humilde entre vós será poderoso, pois estarei ao seu lado até que lhe seja feita justiça; e o mais influente entre vós será o mais humilde na minha consideração até que eu reprima a injustiça que ele cometer. Obedecei-me enquanto eu obedecer a Deus e a Seu Mensageiro. Se vier a desobedecer a Deus e a Seu Mensageiro, então, eu  não tenho nenhum direito a que vocês me obedeçam.''

(((Continua)))


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