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Segundo o último balanço, 127 pessoas morreram e 305 ficaram feridas no atentado, o mais mortífero provocado por apenas uma detonação. Em Novembro do ano passado, mais de 200 pessoas morreram em Sadr City, o subúrbio xiita de Bagdad, mas na altura foram usados seis carros armadilhados. Em Março de 2004, várias explosões registadas na cidade xiita de Kerbala mataram 170 pessoas e fizeram mais de 500 feridos.
O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, emitiu ao início da noite um comunicado para denunciar “este crime ignóbil” que atribuiu a “saddamistas [apoiantes do antigo regime] e takfiris [extremistas sunitas]".
Pouco depois, o porta-voz do Governo, Ali al-Dabbagh, insistia na mesma ideia, acrescentando que “50 por cento dos actos criminosos e atentados são cometidos por árabes takfiris vindos da Síria”.
“Temos provas do que estamos a dizer e vamos mostrá-las aos nossos irmãos sírios”, avisou o responsável, numa declaração significativa da crescente animosidade entre sunitas e xiitas no Iraque.
O camião armadilhado explodiu junto a um mercado de frutas e legumes do bairro de Sadriya, na margem Leste do rio Tigre, uma zona habitada maioritariamente por curdos xiitas e que nos últimos meses foi palco de vários atentados à bomba.
A força da explosão arrancou fachadas inteiras, derrubando vários prédios nas imediações do mercado. Vários automóveis que se encontravam estacionados na zona foram destruídos pela explosão, que provocou estragos a várias centenas de metros do mercado, entretanto isolado pela polícia.
Um jornalista da Reuters que se deslocou ao local relata como os serviços de emergência, sem meios para transportar tantos cadáveres, empilhavam os mortos em carrinhas de caixa aberta.
A polícia contabilizou 305 feridos, muitos deles em estado grave. No hospital de Ibn al-Nafis, que se encontra a curta distância do local da explosão, os feridos amontoam-se nos corredores das urgências, cujos serviços não têm capacidade para responder a uma tão grande procura.
O atentado em Sadriya ocorre numa altura em que as autoridades iraquianas e norte-americanas preparam um plano para reforçar a segurança na capital. Ao abrigo deste plano, os EUA planeiam enviar mais 21.500 soldados para o Iraque, a grande maioria para a região de Bagdad, onde no último ano se multiplicaram os ataques sectários.
Um relatório das Nações Unidas divulgado no início deste ano contabiliza em cerca de 16.800 o número de civis mortos em acções violentas durante 2006.