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Jun 08

صديق الانسان من يسعى لعمارة آخرته وإن كان

فيه ورع لدنياه
-عدو الإنسان من يسعى لخسيرة آخرته وإن كان

فيه نفع لدنياه

 

"O amigo dos humanos é aquele que constrói e esforça-se para construir o seu Akhirah mesmo que isso implique e prejudique o seu Duniya;

O inimigo dos humanos é aquele destroi o seu AKhirah se isso beneficiar o seu Dunya"

 

- Hadhrat Mufti Abdur Rahim Lajpuri (rahimullah ta’ala)

Fonte: At-Tazkirah

 

Salams. É com esta passagem que vos quero lembrar a importância do Dunya. e do Akhirah Mas, para quem não sabe o que siginifca Dunya e Akhirah?

 

O Dunya é a vida actual, a vida na terra e no mundo, a vida que temos antes da morte e exprime tudo o que é de material na vida. O Akhirah refere-se à vida após a morte, ao paraíso ou ao inferno. É constantemente referido no Alcorão lembrando o Dia do Julgamento (o Qiyamah).

 

A pergunta é: O que devemos priveligiar? O Dunya? O Akhirah? A vida que terminará e na qual não deixaremos nada e partiremos sem levar coisa alguma? Ou a vida após a morte, a vida eterna que irá ser valorizada pelas acções que fazêmos aqui no Dunya?

 

 

Devemos trabalhar para ficarmos ricos monetariamente ou para ficarmos ricos em Ilm (conhecimento religioso)? Devemos pecar e desvalorizar as orações (o Salah) visto que com isto eu não ficarei mais rico ou mais probre aqui no Dunya ou devemos preservar a nossa inegridade e não pecarmos e aumentar o nosso número de sawabs em termos de orações? Pois é isso que vai servir na nossa eterna vida após a morte e não a nossa riqueza monetária..

 

Pensem bem, decidam agora antes que seja tarde de mais...

 

Salams

 


Salams irmão Duarte. É bastante boa a forma como transmite o seu conhecimento, tanto aqui como no seu blog (sou seu leitor...).

Falando primeiro do seu último comentário...

«Todo o que vive tem de saborear a morte».

Existe essa perspectiva que tomou, mas podemos ler esta frase num sentido menos metafórico, pois todos os que vivem, todos os que nasceram terão só um fim: a morte. todos, todos sem excepção iram, mais cedo ou mais tarde sentir a morte, irão saber o que é morrer, o que está do outro lado. É esse o sabor que todos irão sentir.

Ora, esse sabor tem como o irmão disse, um sabor espiritual, pois será mais espírito do que corpo. Nós quando morremos estaremos a passar para uma "forma" específica de alma, o sabor está certamente na espiritualidade.

MH a 19 de Julho de 2008 às 22:15

Salams!

A vantagem do diálogo é que nos sugere pesquisas de que, sozinhos, não nos lembraríamos. Por isso, é bastante enriquecedor estar aqui a trocar ideias.

Contudo, acho que a mensagem essencial do meu comentário não passou: Dunya e Akhirah como dois regimes co-existentes na criatura.

NÃO como a sucessão de dois tempos: uma vida antes e outra depois da morte.

Depois de mortos, o que sobra são átomos e estrelas, minerais inanimados (sem “anima”, vida, alma).

Embora a interpretação religiosa mais generalizada identifique Akhirah com “vida após a morte”, não é a única leitura existente na cultura islâmica, nem sequer é a mais feliz. Pelo contrário, é muito triste levar as pessoas vivas a desejarem o inanimado. Nietzsche chamava a isso nihilismo, desejo de Nada.

Com as minhas limitações de não poder ler no árabe original, recolhi na Net a informação de que a palavra "Akhirah" quer dizer “fim último, objectivo final, finalidade” e deriva do substantivo “khirah” que significa “liberdade” a que se juntou a determinação do “Alif” (por isso, se diz que “tudo o que pertence a Akhirah tem de começar por Alif”).

Quem souber ler árabe, por favor, confirme.

O Alcorão refere-se a “Akhirah”, no contexto do dia do Juízo FINAL.

Se estas correspondências estiverem correctas, diria que o conceito de “Akhirah” está extraordinariamente próximo do “fim último” como realização da liberdade, na teoria da finalidade de Kant, tal como é exposta na “Crítica do JUÍZO”: «o conceito de LIBERDADE deve realizar no MUNDO sensível o FIM imposto pela sua lei». Esse fim é a efectuação do Soberano Bem.

Kant define assim o FIM que a LIBERDADE deve realizar: «União do maior bem-estar das criaturas racionais no MUNDO com a mais alta condição do BEM MORAL nele».

Transposto para a linguagem árabe, daria: “União do maior bem-estar das criaturas racionais no DUNYA (“mundo”) com a mais alta condição do AKHIRAH (“fim último”) nele”.

Muitos árabes eram filósofos… E no século XVIII, na Alemanha de Kant, haviam já muitos emigrantes árabes. Quem influenciou quem, é difícil de averiguar.

Resumindo, tanto estamos no "mundo" (Dunya), onde temos família e conhecidos, como evoluímos interiormente quando meditamos ou oramos, habitando, vivendo, a nossa alma (Akhirah).

Sayyīdina Ali disse: “Age no dunya como se vivesses para sempre e repousa no akhirah como se morresses amanhã”.

Akhirah e Dunya são como o nascer e o pôr do sol: ele nasce e morre todos os dias, nós movimentamo-nos e repousamos todos os dias.

Por isso, na nossa existência de criaturas fazemos, ao mesmo tempo, de mortos e de vivos. A pele tem uma camada protectora de células mortas, e a crosta terrestre do mundo (Dunya) não é mais que matéria-morta. Essa cobertura resguarda e conserva no seu interior a vida da nossa alma (Akhirah).

Um texto islâmico diz: «Uma perna no dunya e outra no Akhirah. Assim é para as pessoas equilibradas. Pessoas desequilibradas são de dois tipos: as que enlouquecem pelo Dunya, as que enlouquecem pelo Akhirah».
duarte a 20 de Julho de 2008 às 10:44

Salams.

Concordo inteiramente com essa perspectiva. o Akhirah e Dunya são "dois mundos diferentes" no sentido estrito da palavras, mas sim, podemos considerar que existimos sempre como Alma no mundo e vamos existir depois da morte, o Akhirah aqui na vida representa essa mesma alma.

Podemos considerar o aspecto da fé, como estando inteiramente ligado ao Akhirah. Na minha opinião, o tal "Akhirah" na vida de que o irmão fala, é mais uma preparação do Akhirah (depois da morte). Quando rezamos estamos como alma e não estamos a trazer quaisquer aspectos da vida mundana para essas rezas e orações.

Portanto o Akhirah e o Dunya coexistem ao mesmo tempo! DEVEM coexisitir como o irmão disse!

Salams (o seu último artigo está bastante bom!!!)
mh a 23 de Julho de 2008 às 12:33

Viva!

Como já deve ter notado, tenho alguma dificuldade em acolher o conceito de "vida depois da morte" - seja de que religião for - sobretudo, quando isso quer dizer "vida da alma depois da morte do corpo", porque essas ideias são transmitidas por pessoas que vivem, e que não morreram por completo, para poderem testemunhar o que seria o pós-morte do corpo.

A minha abordagem é a de que estamos vivos e mortos ao mesmo tempo: mortos porque a última camada externa e protectora do corpo é feita de células mortas, e vivos porque a alma, a vontade e a inteligência animam o corpo. Dito de outra maneira: a morte protege a vida no seu interior das agressões exteriores (o frio, a intempérie, etc.).

Amanhã vou de férias, mas deixo um convite/desafio: se for oportuno para si, pedia-lhe que tentasse fundamentar o seu ponto de vista com base em referências bibliográficas islâmicas (especialmente o Alcorão, claro).

(É um grande projecto: provar que Nietzsche estava errado...)

Até breve!
duarte a 24 de Julho de 2008 às 12:55

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