08
Abr 08
Salams.

Todos os muçulmanos rezam as suas orações numa direcção, a chamada direcção de Qiblah. Este Qibla refere-se ao Kabah que está em Meca/Mackah, e é na direcção de Meca que todos os muçulmanos rezam as 5 orações, Fajr, Zohor, Assr, Maghrib e Isha, bem como todos os outros nafils e sunnats que podem ser rezados e outros que são determinados para certas épocas do ano islâmico, como o Ramadhan (Ramadão).

No Islão só há um Livro que é primeiro e que está por cima de todo e qualquer hadice ou pregação, o Alcorão, mas no Islão existe também uma única direcção para onde se deve rezar, Meca. Todavia, existe em Madinah uma mesquita em que o profeta permitiu que se rezasse tanto para a direcção de Meca como para a direcção de Jerusalém, Al-Aqsa (não me recordo ao certo o nome da mesquita, mas chama-se de uma forma comum por " Mesquita de 2 Qiblas") No Alcorão, Allah afirma:

“ Aonde quer que vás, orienta o teu rosto para a Sagrada Mesquita. Onde quer que estejais, voltai vossos rostos na sua direção”. (Surah 2, vers. 150)

Antigamente, e no tempo do profeta e até mesmo nomeadamente durante a ocupação da Península Ibérica, não haviam bússulas como existem hoje para determinarmos a direcção de Qibla. Os nossos antepassados construíam então determinados pólos ou seguiam-se por montanhas e coisas do género para determinarem a direcção. Os mirantes das mesquitas eram também direccionados para Meca permitindo uma fácil adaptação a todos os povos.

Para além disso, haviam sempre os métodos mais tradicionais, mas só os conhecedores desses métodos é que possuiam a capacidade de determinar a direcção.

Actualmente, em qualquer loja que venda tapetes para orações, relógios para o Azan e coisas do género, mesmo em Lisboa, no Martim Moniz, Odivelas ou Laranjeiro poderá encontrar umas bússulas que têm predefenida a direcção para se rezar para Meca, e basta-nos ver o código e acertar os ponteiros. Pode parecer difícil, mas comprando uma bússula destas perceberão logo o que estou a tentar explicar.

Mas imaginemos que não existe nenhuma mesquita orientada, não existe bússula alguma , e estamos por exemplo num  hotel  em viagem  num país não muçulmano. Não poderemos possivelmente pedir ajuda a alguém que lá viva, logo teremos que fazer um esforço para tentarmos delinear o trajecto desde a última mesquita/local em que estivemos a rezar, e tentar descubrir a orientação exacta.

Porém, se não conseguirmos determinar a orientação, devemos rezar na direcção que mais nos convier e que acharmos mais correcta. Se durante a oração, alguém nos vier dizer que estamos a rezar para uma direcção errada devemos corrigir e continuar a rezar sem interromper a oração.

Por outro lado, muitos se questionam da posição na oração. O Nosso Profeta S.A.W. diz-nos que se estivermos doente, se estivermos em fuga de um ataque ao inimigo (referindo-se aos tempos mais antigos), devemos rezar na posição que mais nos convier, deitado, sentado, ou "no cavalo", se for caso disso. A posição base e obrigatória para todos os outros casos é de pé.

Muitos de nós, quando estão no avião ou num barco não conseguem ter noção da direcção para onde rezar, pois estes meios de transporte curvam constantemente. Nesses casos, não é preciso orientarmo-nos de forma nenhuma, pois qualquer direcção em que se reze será aceite.

Salams
islamnet.eu


 


Salam,

Tem muito que se diga a questão das direcções.

O seu artigo refere-se a Meca enquanto território.

Mas, no Islão, existiram pensadores que entendiam Meca de forma imanente e não territorial.

Por exemplo, Ibn Al-Arabi dizia que «Meca é o ventre da Terra». Penso que Muhammad Iqbal estaria de acordo, pois afirmava que «Um novo sol ergueu-se do ventre da Terra». E há um dito islâmico que refere que: "Enquanto estiveres apegado a este mundo, não vais a lado nenhum."

A Surah 2, vers. 150, ganha assim outro sentido: voltai a vossa atenção para o recôndito do corpo, que não é propriedade separada de cada um, mas ligação cósmica e também via de acesso à Luz.

Há ainda outras direcções que são meras representações do processo cósmico (Terra incluída).
Sobre isto, encontrei uma análise interessante sobre os movimentos da peregrinação em torno da Kabba e sua relação com os movimentos do Universo (tanto macrocosmo como microcosmo):

http://www.nurmuhammad.com/IlmHuroof/IlmHuroofArticles/BaIlmHuroofabjad.html

Alguns excertos:
- «the Hajj, Pilgrimage to Makkah (Mecca), if looked at in this context represents a circle or dot. The Kaaba (the Cube) is the centre, and the people perform Tawwaf, or circulate, the Kaaba. (...) The pilgrims orbiting the Kaaba is a visual representation of an atom on a large scale. The Kaaba is the nucleus and the people orbiting are the electrons. (...) Allah created everything from a dot. Humans, animals, plants, they are all created from dots or seeds. (...) If we turn towards the sun, moon, earth and all the other planets, even they are like dots. (...) Another analogy of Tawaf (pilgrim circling the Kabbah) is that the Earth rotates on its axis east to west. Since the sun rises in the east and sets in the west. This movement is counter-clockwise. So is the Tawwaf, taking the Kaaba as the axis. The pilgrims circulate the Kaaba counter clockwise. The earth itself orbits around the sun in a counter clockwise direction. (...) Since the guidance was from Allah the Tawwaf is in perfect harmony with Allah's creation of night and day. The Tawwaf is in perfect harmony with Allah's creation of seasons of the sun».

E ainda uma crítica muito pertinente ao desvio da orientação correcta fabricado pela civilização dita ocidental:

«If we look at the clocks and watches, their movement is clockwise, which is left to right as the English language for example. Had the inventor of the clock been a Muslim we would today have clocks with movement from right to left. Which is in counter clockwise direction with numbers also increasing in counter clockwise direction. Then the counter clockwise direction would have been clockwise direction. Therefore the inventors of the present day clocks were sub-consciously trying to master time by designing the clocks that go in the opposite direction to the rotation of the earth and its orbit. All this in order to avoid their meeting with their Maker. They overlooked two things. One, time waits for no man. Two, even if time went backwards, they would still meet their Maker. Because He existed at the beginning, He exists now. And He will exist always».

É uma grande diferença essa: as civilizações que escrevem da direita para a esquerda (Árabes, Judeus, Chineses) estão do lado do movimento real da Terra, enquanto que aquelas que escrevem da esquerda para a direita (Europeus) estão do lado do movimento aparente do Sol.

E é este o motivo de tanta guerra: realidade e aparência combatem-se mutuamente. Agora e sempre. Já os Antigos Persas as representavam como o combate de um Leão contra um Touro.

Espero não me ter alongado demasiado, ao ponto de aborrecer...








duarte a 23 de Abril de 2008 às 00:51

Sou um leitor deste blog também, que preza pelos conteúdos regularmente publicados. Espero que com a Graça de Allah continuem assim.

@ Duarte, é bastante interessante a sua abordagem a este tema do Tawwaf e da sua transposição metafísica e representação que esta tem.

Parecendo mentira, eu quando Fui fazer, Hajj ou Hadge, a peregrinação a Meca, havia um género de "guia", que explicava tudo o que víamos aprofundando tudo a um elevado grau e "dando secas" aos menos curiosos. E de facto, ele entrou nessa explicação do Tawaff num dia em que conversávamos no Hotel, já que esse guia estava sempre connosco, pois ele também fazia a peregrinação (não sei se guia é a melhor palavra para o caracterizar).

"Espero não me ter alongado demasiado, ao ponto de aborrecer..."

Neste caso não, pois aqui só chegam curiosos!!!

"Because He existed at the beginning, He exists now. And He will exist always"

Parecendo uma frase simples, devemos olhar para a sua complexidade e tentar perceber a perfeição de Deus, Único no todo sempre.

Allah sabe Melhor!
Ma'Salama
Anonimo a 23 de Abril de 2008 às 20:31

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